Acho que muita gente confunde, e não só a nível linguístico, a
INDIVIDUALIDADE com o INDIVIDUALISMO.
As pessoas confundem as essências
tão distintas destes dois conceitos.
Estou sempre enfatizando a importância de sermos nós mesmos, nos valorizarmos
como somos, buscarmos o autoconhecimento sempre, reconhecer nosso próprio poder
pessoal e saber usá-lo com sabedoria. Tudo isto é sinônimo de afirmar nossa
INDIVIDUALIDADE.
É construirmos nossa própria
identidade, é fugirmos de modismos, da massificação. É conectarmos com nossa
essência única, é nos expressarmos como nós somos realmente. Isto tudo, esta
afirmação da nossa identidade, da nossa INDIVIDUALIDADE, passa cada vez mais
pelo autoconhecimento e gera o fruto da auto-estima.
A auto-estima está presente na
INDIVIDUALIDADE bem desenvolvida, mas está completamente ausente no
INDIVIDUALISMO. Este acontece baseado no falso orgulho, no egocentrismo e no
egoísmo.
O INDIVIDUALISMO é fruto de uma
sociedade neurótica e doente. Isto porque as pessoas que a compõem não tem sua
INDIVIDUALIDADE bem desenvolvida, e na maioria dos casos não têm nem
consciência disto. Acham erroneamente que estarem plenas de seus direitos como
indivíduos é fazerem acontecer suas vontades custe o que custar e a quem for.
Os individualistas são pessoas
que não têm noção de conjunto. São imediatistas o tempo todo. Estão sempre
prontos para a briga, sempre com um pé atrás. São incapazes de atos generosos
ou desapegados. Se o fazem é porque isto vai repercurtir em sua vaidade. Aliás,
a vaidade é extremada no individualista. E vai além da aparência física, é
claro.
Lembro de uma vez que o colégio
de minhas filhas estava organizando uma campanha para um orfanato. Fez uma
gincana com equipes e ganharia o prêmio simbólico quem levasse mais donativos
alimentícios. Fiquei sabendo que tinha um pai que todo dia mandava um monte de
latas de leite, acúcar, feijão, etc.
Um dia eu o vi, na hora da saída
das crianças, deixando os alimentos e dizendo que iria ganhar. Captei no tom de
voz dele, na forma com falava, no olhar, a agressividade da competição e não, a
generosidade da doação. Percebi nitidamente que o que interessava a este
sujeito era que sua filha fosse a responsável pela vitória de sua equipe. A
vaidade imperava em cima da verdadeira generosidade. E me perguntei: "Será
que este homem costuma enviar alimentos aos orfanatos durante o ano?"
Provavelmente a resposta seria negativa.
Pensar no todo, no Universo, na
teia energética que ligam os seres, isto não existe para o individualista, que
na verdade está doente, perdido, que não consegue se aprofundar em si próprio,
e na maioria das vezes não quer. Ele só quer melhorar o externo em sua vida.
Sem perceber a necessidade de se melhorar por dentro, de se autoconhecer, de
crescer, de evoluir. Isto tudo para ele é bobagem.
Já aquele que tem a posse de sua
própria INDIVIDUALIDADE, não tem o medo de se perder no outro. Ele sabe que
todos fazem parte do UM. Ele não precisa provar nada a ninguém, pois está em
paz consigo mesmo e com sua auto-estima.
A partir da sua própria diferença
intrínseca ele está pronto para pensar no outro, para saber até onde pode ir,
para respeitar o espaço e o tempo do outro, assim como também se fazer
respeitar, e saber quando colocar limites.
Não existe maneira de evoluir, de
crescer, de melhorar realmente sua vida se não houver o autoconhecimento. Só
assim podemos sair do INDIVIDUALISMO e ingressar em nossa própria INDIVIDUALIDADE.
O resto é ilusão. Muitas vezes o
processo de autoconhecimento pode ser penoso. Mesmo assim vale muito à pena.
Não esqueçamos que os maiores tesouros geralmente estão escondidos em lugares
de difícil acesso, onde o buscador precisa passar por caminhos difíceis antes
de encontrá-lo. E aí iremos perceber o quanto foi importante o processo da busca,
talvez mais do que a própria chegada.
Texto retirado da internet. enviado por: Wilson Antonio Silva - Psicólogo - CRP 04/31325