Conheça-te a ti mesmo se é que tenha coragém
Estamos no início do terceiro milênio e o planeta é sacudido por transformações históricas e tecnológicas decisivas no comportamento humano toda trajetoria em transiçaõ.
A humanidade vive um dos momentos mais interessantes de toda sua
história. Ao mesmo tempo em que assiste a uma total falência de valores e
de crenças religiosas, é forçada, conduzida pela ciência, a descortinar
possibilidades infinitas através das fronteiras do desconhecido.
Perplexa paira no limiar do inusitado. Assiste ao renascimento do
pensamento filosófico onde o ontem atualizar-se em conceitos científicos
avançados numa compreensão toda própria. Mesmo assim, milhares de
pessoas continuam a engrossar as intermináveis fileiras do fanatismo.
Ao longo da história observamos o homem degladiando-se consigo próprio
numa procura insana pelo poder e pela imortalidade. No poder quer
encontrar o domínio de seu destino e, assim, eternizar-se.
Os
cientistas, em suas pesquisas, lançam-se rumo às fronteiras do sistema
solar, atrevendo-se a decodificar o DNA e, assim, modificar sua história
material, com a pretensão de tornarem-se senhores absolutos da vida.
Porém continuam, a saber, muito pouco de sua Mente e de sua real
Essência.
O homem é um complexo fabuloso, cuja beleza
o coloca, neste momento da história, como centro do universo. Ele é a
grande incógnita. O maior de todos os desafios. Um grande desconhecido
de si mesmo. Apesar de ter sido o centro de todo pensamento filosófico
da Antigüidade e objeto de estudo das ciências mais avançadas, o homem
continua carente de objetividade na busca por si mesmo.
Ele vive
num quase total desconhecimento de sua natureza. Passa pela vida a
realizar conquistas num âmbito meramente exterior. Aprende
comportamentos sociais, religiosos, filosóficos e culturais sem que eles
sejam verdadeiros com sua essência. Isso significa que vive para fora,
para o outro, buscando a aprovação e o reconhecimento exterior, ou seja,
dentro do mundo em que vive. Por isso vive só e insatisfeito, mesmo
convivendo com um grande número de pessoas.
A educação recebida é
externa e nunca interna. Aprende-se a respeitar, a obedecer, a ouvir,
reprimir-se em situações de fúria, racionalizar sempre, pensar antes de
agir, dominar os instintos através do uso da razão, etc. Mas não há, no
entanto, uma educação que permite tornar íntegro o seu comportamento
exterior com a sua realidade interior. Não é ensinado o que fazer com os
pensamentos e os sentimentos deste tão complexo universo psíquico. A educação recebida não responde a isso, mesmo que a atitude seja incoerente com o sentir.
O desconhecimento quase que absoluto que o homem tem de si mesmo, de
sua natureza e necessidades é o grande causador de todo seu sofrimento.
Viver a relação consigo próprio é tão ou mais difícil do que vivê-la com
os outros. Como se relacionar bem consigo mesmo se ele nada sabe acerca
de si? Como é possível querer compreender o outro quando não existe a
menor possibilidade de se autocompreender? O homem é quase sempre traido
por seu corpo e por seus desejos, escravizado por seus pensamentos que
tagarelam incansáveis, atordoando-o com inúmeras possibilidades reais ou
imaginárias, que mais confundem do que elucidam. Falta-lhe maturação
emocional, organização mental e uma atitude honesta em seus
relacionamentos.
Hoje, mais do que nunca, há uma necessidade
premente de se buscar um caminho que leve cada um a encontrar a si
mesmo, através de um conhecimento profundo de sua natureza. Nunca, em
tempo algum, o homem esteve tão próximo de sua verdade e, ao mesmo
tempo, tão longe de si mesmo.
Gradativamente o homem se
conscientiza de que lhe falta alguma coisa muito importante, mesmo que
não saiba o que seja. Poderá parecer antagônico uma pessoa conviver
consigo mesma a vida inteira e não saber quem realmente é, qual o
objetivo último a ser alcançado e o mais grave, qual a sua origem e
paternidade cósmica.
O homem não é somente a Personalidade
que expressa. Ele é um universo de possibilidades a ser desvendado e
desenvolvido. O homem é um ser em expansão criadora, assim como o
universo, portanto não está pronto. É alguém a ser acabado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário