O soldado e a paixão
É em dezembro
de 1941, num estado ocupado da antiga União Soviética, um lugar de frio
rigoroso que a minha história começa.
Há cerca de 70
anos atrás a Alemanha invadiu a URSS com quase toda a sua força militar, mas
algumas coisas saíram do esperado: com a chegada do inverno os soldados alemães
não estavam preparados para as severas temperaturas negativas.
Então, numa campina aberta, e debaixo de um céu nublado,
estavam alguns milhares de soldados em marcha. Karl
Eugen era da infantaria pesada, ele sempre temia nunca voltar para casa.
Em sua vida houve uma série de fatores que o fizeram estar
ali. Tudo começa quando ele ainda tinha 25 anos, quando um tal sujeito assumiu
o poder da Alemanha, e dali em diante ninguém podia falar mau dele, ou mesmo ser
contra; seu pai acabou morrendo por isso. Mas como seu sonho sempre foi ser
militar, cresceu sonhando ser um, entrou para o exército, mas Karl mal sabia o
que estava fazendo. Sempre demonstrava reverência ao ditador, mas em seu
coração era o oposto. Apenas não expressava sua opinião verdadeira, pois temia
ser morto.
E assim foi sua vida, se casou com Helene, uma bela jovem
do subúrbio de Berlin. E não demorou muito para partir para guerra; foi
convocado para fazer parte da grande Operação Barbarossa (a qual foi uma operação
de invasão na Rússia). Saiu numa primavera e deixou sua amada para trás em
Berlin.
Karl Eugen sentado em uma grama verde, vendo o exército
marchando, logo pensou: “Ah!, se eu tivesse ao lado de Helene, estaria em casa,
ao calor de uma lareira e não sofrendo com esse terrível frio à essas condições
terríveis. É fácil falar ‘marche em frente’, mas com essa temperatura tudo
muda!”
E chegou ao lado dele um oficial.
― Levante homem! Com essa preguiça como acha que vai vencer
a guerra?! –Disse o oficial.
Karl levantou em imediato e seguiu a multidão. Naquela
noite as tropas estavam quase congelando e avistaram uma pequena cidade; não
precisou de ordens, as tropas invadiram a cidade, e nem queriam saber se
aqueles civis queriam se render, apenas tomaram suas casas para se abrigarem do
frio. Quando Karl Eugen chegou à cidade ela já estava rendida; ele ouvia os gritos
de pavor daqueles pobres russos, então entrou numa casa arrombando a porta, e
lá dentro não havia ninguém, e encontrou as portas dos fundos abertas. Quando
voltou para a sala de entrada viu um bando de soldados entrando e procurando um
lugar quente, e assim ele também começou a procurar, e foi no sótão que sobrou,
pois os grandalhões pegaram os quartos. E sentando no chão, tirou a mochila e o
capacete, colocando-os de lado, arrumou uma cama improvisada e dormiu.
E com o nascer de um novo dia, com os primeiros raios de
sol, Karl acordou e a primeira visão que teve pela janela do lado de fora, foi
um vasto pasto verde molhado pelo orvalho que brilhava com os raios de sol. Foi
umas das poucas coisas lindas que viu desde que entro na guerra.
Durante todo o dia o exército trabalhou para construir uma
série de postos de defesa, pois planejaram passar uma semana ali.
E com o passar dos dias Karl mais tinha sonhos com sua
terra natal, sonhava com os dias de primavera que brincava nos campos quando
criança, e cada vez que sonhava mais queria voltar para aquele lugar. Sua
paixão pela terra natal aumentava cada dia.
Então faltando dois dias para deixar a cidade, eles
sofreram um ataque em massa do exército vermelho. Eram muitos. Os alemães
resistiram até a madrugada, quando os soldados adversários começaram andar
pelas ruas da cidade, Karl resolve no desespero desertar, e sair correndo para a
direção do Oeste, em direção à Alemanha, então, ignorando os chamados de seus
camaradas, ele prosseguiu.
Passaram-se algumas horas, o frio era tão grande e a neve o
cercava por todos os lados e mesmo assim não perdeu a esperança, sua paixão era
maior. Prosseguiu até não aguentar mais, e então caiu de costas no gelo. Seus
pés estavam se congelando junto com suas mãos, seus pulmões gelados respiravam
aquele ar frio freneticamente. Karl Eugen tirou do pescoço um broche, que
continha a foto de Helene sorrindo.
― Minha
amada – disse ele com uma voz já fraca – eu não te deixei. Eu lutei com todas
as minhas forças para estar ao seu lado...
Então o frio tomou o seu corpo por completo, seu coração batia
cada vez mais fraco e quase sem forças, ele olhou pela ultima vez para sua
amada.
Gabriel Arriel Pedrozo
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